16 hours ago
#136 O presente que nos espera
Um presente para uma celebração. Um dia, todos nós o reconheceremos.
Estamos muito acostumados a pensar que tudo em nós, tudo ao nosso redor, nos pertence. Todas as coisas são “nossas”, nós as possuímos, somos responsáveis por elas. Mas há outra parte de nós que não está de acordo com esse sentimento de pertencimento, de ser “nosso” — uma parte que já estavapresente antes de nascermos e que permanece conosco ao longo da vida. É invisível, desconhecida, mas está lá. Presente. Não provém de nós, nem da Terra. Foi-nos dada como um presente, um presente muito vital, colocado no cerne do nosso ser, dentro do nosso coração. Um tesouro interior, de um reino que não é deste mundo.
A menos que tenhamos sido muito sensíveis quando crianças ou tenhamos tido a grande sorte de terpais com inclinação espiritual, ninguém jamais nos falou sobre
esse presente, pelo menos não de uma maneira que tenha sido reconhecida pela nossa consciência. Provavelmente, sua presença nunca nos tenha sido revelada. No entanto, tal presente revela a si mesmo,de forma silenciosa e sutil, porque está sempre presente. Na maior parte do tempo, provavelmente nem onotamos.
Por não termos a sensação de “possui-lo”, porque foi dado de presente, não podemos determiná-lo ou controlá-lo. Não é nossa prerrogativa fazer isso. Mas pode chegar um dia... um dia em que ele comece a revelar sua presença e nós o notemos talvez pela primeira vez. E se isso acontecer, o que faremos?Reconheceremos sua presença? Na maioria das vezes, não. Estamos muito ocupados com a vida. Com nossa infância, educação, crescimento para a idade adulta, família, carreira, enfim, com todas as necessidades da vida que não podem ser ignoradas. Estamos ocupados com todas as alegrias, dramas, considerações e estresses consequentes. Mas chega um dia, de alguma forma, em que dizemos “basta”, que começamos lenta ou rapidamente, dependendo das circunstâncias individuais de nossa vida, a ficar desiludidos, a nos afastar, a procurar algo mais, algo diferente, algo melhor. E começamos a buscar.
Procuramos e procuramos em tudo e em todos os lugares. Isso toma muito tempo, muito esforço e muitaenergia. Desapontamentos, distrações, revelações imperfeitas. Em Iugar algum encontramos o objeto ainda não revelado de nossa busca. Apesar disso, algo ainda nos impulsiona a continuar. No momento dedesistir, reconhecendo que o objetivo impreciso não pode ser encontrado em Iugar algum desta terra — nós nos entregamos — olhamos no único Iugar que ainda não havíamos explorado, onde esse algo melhor pode ser encontrado. Começamos a olhar para dentro. Nós nos viramos, afastando-nos do mundoexterior. Começamos a descobrir algo mais, que silenciosamente esperava dentro de nós. Um pontocrucial, um reconhecimento.
O presente que reside dentro de nós celebra essa experiência, ganha vida após um período paciente emuitas vezes longo de espera, de aparente dormência, e começa a habitar alegremente o espaço que abrimos dentro de nós mesmos. Ele começa a revelar sua presença, talvez pela primeira vez. E nós, pornossa vez, começamos a reconhecer o verdadeiro objeto de nossa busca, começamos a nutri-lo, permitimos que ele cresça. Ao fazer isso, descobrimos um caminho, um caminho através da vida, individual para cada um de nós e, no entanto, ao refletirmos, um caminho que é, de alguma forma, o mesmo. Um caminho que nos distancia dos velhos modos de vida e nos leva a um novo e maravilhoso e estado de realidade! Uma realidade transcendente experimentada interiormente. Uma realidade além das palavras.
Não é isso verdadeiramente um presente para celebrar?
Photo: Joshua Fuller on Unsplash CCO